Sobre viagens e bons cafés

By | 08.11.2020

A maioria das pessoas quando viaja faz a lista dos lugares turísticos, restaurantes, museus e praças que quer visitar. Eu, não. Eu faço a lista dos cafés que vou visitar em cada cidade. Não que eu não acabe visitando todos os outros lugares. A diferença é que a minha prioridade são os cafés.

Me explico: sou mineira do sul de Minas, região cafeeira por excelência. Minha família tem fazenda de café. Bebo café desde os 2 anos de idade (na época na mamadeira, com leite e açúcar). Quando morei nos EUA, me aproximei mais dos cafés da “Terceira Onda”, e aí minha paixão por cafés se acentuou. Fiz cursos de barismo e de torra e minha ideia agora é empreender no ramo de cafés especiais no Brasil.

The Coffee Collective, Copenhagen

The Coffee Collective, Copenhagen

Antes de decidir tomar esse rumo, viajei muito, principalmente na América do Norte, e por último agora por toda a Europa Ocidental. E uma coisa que me surpreendeu foi que se não tivesse listado previamente os cafés que queria visitar, deixaria de conhecer áreas – e pessoas – interessantíssimas de cada lugar que visitei. A maioria desses cafés independentes foca na qualidade da bebida e são conhecidos por seus baristas hipsters, oferta de grãos de lugares exóticos e design arrojado. Mas o que ninguém se dá conta é que eles também são exemplos da nova economia, e frequentemente fazem parte de movimentos independentes de profissionais liberais, que começam a se aglomerar em áreas que antes eram esquecidas pela população dessas cidades.


Foi graças ao extinto Handsome Coffee, por exemplo, que conheci o distrito artístico de Los Angeles, e que me dei conta que “Skid Row” era mais que uma banda de rock: é também uma área que abriga viciados no centro de LA. Não fosse pelo Ten Belles, uma cafeteria excelente em Paris – cidade até então famosa pelo charme (e pelo espresso intragável) de seus cafés – eu não teria me aventurado a pé pelo interessante Canal Saint Martin, área que é livre de turistas e cheia de lojas e galerias super bacanas. Não fosse pelo Verve Coffee Roasters, eu sequer teria parado em Santa Cruz durante minha roadtrip pela costa oeste dos EUA. Resultado: me apaixonei pela cidade e pela mente aberta e vanguardista dos seus habitantes, com muitos dos quais conversei enquanto tomava um cappuccino na calçada do Verve, no coração de Santa Cruz.

Sinalização em rua de Santa Cruz, California (terra do Verve)

Sinalização em rua de Santa Cruz, California (terra do Verve)

Portanto, minha dica para você é: a próxima vez que viajar, coloque na sua lista um café independente, desses que se preocupa com a origem do grão e se empenha em servir espresso de qualidade. Na pior das hipóteses, você vai ter prestigiado um estabelecimento que leva o café a sério e, na melhor, conhecido pessoas e bairros que talvez nunca fosse conhecer se seguisse o roteiro “padrão” dos turistas. 😉

Sobre a autora:
Juliana Ganan é mineira de Itajubá e apaixonada por café, escreve para a Sprudge.com e também tem um blog sobre o assunto: http://terceiraondanobrasil.wordpress.com

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Category: 08