A maioria das pessoas quando viaja faz a lista dos lugares turísticos, restaurantes, museus e praças que quer visitar. Eu, não. Eu faço a lista dos cafés que vou visitar em cada cidade. Não que eu não acabe visitando todos os outros lugares. A diferença é que a minha prioridade são os cafés.
Me explico: sou mineira do sul de Minas, região cafeeira por excelência. Minha família tem fazenda de café. Bebo café desde os 2 anos de idade (na época na mamadeira, com leite e açúcar). Quando morei nos EUA, me aproximei mais dos cafés da “Terceira Onda”, e aí minha paixão por cafés se acentuou. Fiz cursos de barismo e de torra e minha ideia agora é empreender no ramo de cafés especiais no Brasil.
Antes de decidir tomar esse rumo, viajei muito, principalmente na América do Norte, e por último agora por toda a Europa Ocidental. E uma coisa que me surpreendeu foi que se não tivesse listado previamente os cafés que queria visitar, deixaria de conhecer áreas – e pessoas – interessantíssimas de cada lugar que visitei. A maioria desses cafés independentes foca na qualidade da bebida e são conhecidos por seus baristas hipsters, oferta de grãos de lugares exóticos e design arrojado. Mas o que ninguém se dá conta é que eles também são exemplos da nova economia, e frequentemente fazem parte de movimentos independentes de profissionais liberais, que começam a se aglomerar em áreas que antes eram esquecidas pela população dessas cidades.
Foi graças ao extinto Handsome Coffee, por exemplo, que conheci o distrito artístico de Los Angeles, e que me dei conta que “Skid Row” era mais que uma banda de rock: é também uma área que abriga viciados no centro de LA. Não fosse pelo Ten Belles, uma cafeteria excelente em Paris – cidade até então famosa pelo charme (e pelo espresso intragável) de seus cafés – eu não teria me aventurado a pé pelo interessante Canal Saint Martin, área que é livre de turistas e cheia de lojas e galerias super bacanas. Não fosse pelo Verve Coffee Roasters, eu sequer teria parado em Santa Cruz durante minha roadtrip pela costa oeste dos EUA. Resultado: me apaixonei pela cidade e pela mente aberta e vanguardista dos seus habitantes, com muitos dos quais conversei enquanto tomava um cappuccino na calçada do Verve, no coração de Santa Cruz.
Portanto, minha dica para você é: a próxima vez que viajar, coloque na sua lista um café independente, desses que se preocupa com a origem do grão e se empenha em servir espresso de qualidade. Na pior das hipóteses, você vai ter prestigiado um estabelecimento que leva o café a sério e, na melhor, conhecido pessoas e bairros que talvez nunca fosse conhecer se seguisse o roteiro “padrão” dos turistas. 😉
Sobre a autora:
Juliana Ganan é mineira de Itajubá e apaixonada por café, escreve para a Sprudge.com e também tem um blog sobre o assunto: http://terceiraondanobrasil.wordpress.com