Não é a primeira e nem a última vez que falo de violência, claro que – infelizmente – tomando como referência o nosso Brasil.
Alguns dias atrás um primo foi abordado por dois assaltantes enquanto andava de carro e tentou fugir, mas acabou levando um tiro nas costas. Por sorte foi socorrido e operado em tempo, e – apesar de tudo – vai conseguir retomar a vida sem sequelas mais graves.
Mas o fato é que as cicatrizes não desaparecem, esse rastro infinito de violência que se propaga sempre mais rapidamente! Nos ensinam a estudar, trabalhar, pagar impostos, fazer atividade física, não comer gordura e fritura… Martelam em nossas cabeças o conceito de uma velhice feliz e quase eterna, tudo muito lindo, poético. Mas basta girar a moeda para perceber o medo de sair de casa, a idéia inconcebível de deixar os filhos brincarem livres pelas ruas, casas que viraram prisões domiciliares, câmeras de segurança, cabos elétricos, muros gigantes, escolta armada, carros blindados…
Pague teus impostos, mas se vire para se proteger! Pague um dos mais altos impostos do mundo e ganhe de brinde o medo de morrer. A vida, que deveria ser a coisa mais preciosa que temos, perdeu o valor, o sentido.
Hoje uma vida vale menos que uma dose de droga, que uma briga de trânsito, que qualquer banal discussão entre cães raivosos e covardes. Vivemos em uma sutil pena de morte, olhando para todos os lados e rezando para que não sejamos o próximo alvo.
Enquanto alimentarmos a mega indústria da pobreza, da fome, dos sistemas de educação e saúde falidos, da juventude perdida, das drogas leves e pesadas e da corrupção desenfreada, poderemos esperar que chegue a nossa execução, sem direito a um advogado de defesa.
Meu primo foi apenas mais um número nas tristes estatísticas da guerra civil em que vivemos, escapando por pouco de virar mais uma das inúmeras vítimas. Um jovem alegre e cheio de vida de 21 anos que conheceu de perto o medo de morrer. E que agora, infelizmente, vai ter que carregar o peso insuportável do medo de viver.
Mais do que nunca, PAZ!
Abraço, Michel P. Zylberberg