Minha cidade, meu destino: Brasília e Aachen – Alemanha (Giselle Gurgel | Frau Gurgel)

By | 09.05.2021

Quantas vezes você pensou em viajar dentro da própria cidade? Muitas vezes deixamos de aproveitar muitas coisas que estão debaixo dos nossos narizes, e foi por isto que convidei alguns amigos especiais para participarem da série “Minha cidade, meu destino”, onde cada um irá publicar 5 fotos e 5 dicas especiais.

Bom, no décimo primeiro post da série a blogueira Giselle Gurgel do blog Frau Gurgel aceitou o desafio de dobrar as dicas e fotos! Arquiteta e urbanista expatriada, ela dá dicas da sua cidade atual Aachen (Alemanha) e também da bela Capital do Cerrado – Brasília. Um contraste bem interessante, espero que vocês gostem!

Brasília
Mesmo morando fora, sinto a necessidade de sempre falar de Brasília. A minha cidade natal não é monótona como muitas pessoas pensam, ao contrário, ela vem se tornando um destino importante no cenário cultural do País. Se na época de sua criação a cidade não possuía vínculos emocionais de seus novos moradores, com o tempo, a população fez o seu papel esperado: tomou o espaço para si, criou raízes afetivas e habitou o que antes era nada. Hoje vemos uma identidade brasiliense, uma forte e vibrante identidade! E eu, que faço parte dessas primeiras gerações da capital, tenho uma urgência em mostrar para o resto do país a nossa música, culinária e cultura. Antes como uma mistura de mil tons do Brasil, a identidade de Brasília hoje cresce forte como uma coisa nossa.

Escolhi não falar do óbvio. Resolvi falar de como podemos aproveitar o conjunto de clima, paisagem e jeitinho de Brasília. Indico aqui, então, cinco formas alternativas de curtir a cidade, além dos roteiros básicos que conhecemos.


Atividades no Lago Paranoá
Nós temos verdadeira adoração pelo Lago Paranoá. Lúcio Costa ganhou muitos pontos com a gente quando resolveu que Brasília tinha de ter um lago, mesmo que artificial. O fato é que nós adoramos a vista, nadar, praticar esportes, molhar os pés num cais ou simplesmente apreciar do lago o pôr-do-sol fantástico que nós temos boa parte do ano. Não é preciosismo, o pôr-do-sol em Brasília é realmente mágico com seus tons de rosa e laranja, cores intensificadas na época seca pela maior quantidade de poeira e outras partículas suspensas no ar.
Por causa dessa nossa paixão, encontram-se às suas margens uma grande quantidade de restaurantes, clubes, bares, jardins e lanchonetes. Não tantos quanto eu gostaria, mas um número razoável e diverso de opções de lazer.

Fonte: Mel Portela

Sorvetes de sabores do cerrado
O cerrado, com sua biodiversidade riquíssima, nos dá de presente várias frutas nativas de gosto peculiar. As sorveterias da região se aproveitam deste “tesouro” e multiplicam os sabores e combinações da sobremesa! Num dia de calor, aproveito e brinco de associar o nome ao gosto da nova fruta que descobri. Ótima forma de conhecer a flora do cerrado, não acham? Entre as minhas sorveterias preferidas está a Sorbê Sorvetes Artesanais. Lá, eles produzem sorvetes e picolés de sabores nativos como Pequi, Mangaba-do-cerrado e Cajuzinho-do-cerrado, além das frutas de outras regiões e dos tradicionais sabores que já conhecemos. (Site da Sorbê).

As cores dos Ipês
A longa estação seca deixa a cidade em estado de alerta. Quem está por lá deve cuidar mais da saúde, tomando muita água. Muitas plantas perdem suas folhas, a grama fica totalmente seca e a terra vermelha – característica da cidade – sobe no ar e pinta de rosa alguns prédios que eram brancos. Tudo fica meio diferente. Dias sempre ensolados e quentes, noites de queda brusca da temperatura, como num deserto. Mas a estação seca também tem sua beleza. Por exemplo, é a época de florescimento dos Ipês, árvores nativas do cerrado que perdem suas folhas e são tomadas por flores coloridas. Eles são um encanto e estão por toda a parte, são mais de 60 mil Ipês espalhados na cidade. As superquadras ganham novos tons de cores e estas árvores despertam os olhares atentos dos pedestres. Quem é de lá sabe qual ponto da cidade tem o Ipê mais bonito, o seu favorito. O meu preferido é um Ipê branco próximo à Catedral de Brasília, espécie que floresce somente cerca de 3 dias no ano e nesses dias parece uma árvore de algodão doce.

Botecos
Muitos turistas reclamam que em Brasília as ruas parecem todas iguais e por isso é difícil encontrar um lugar específico. A sensação de “já não passamos por aqui antes?” é frequente quando não se sabe o número da superquadra que se deseja ir. Os bares do plano piloto estão quase todos nas ruas comerciais das superquadras e têm uma cara parecida, mas os nativos parecem nunca se perder, sabem exatamente onde ir! Um barzinho que tem a cara da cidade e merece uma parada é o Beirute. Com duas filiais, o bar reúne várias gerações de visitantes que simplesmente não conseguem se desapegar do boteco. Este é o queridinho dos universitários, dos cinquentões, do público GLBT e de famílias inteiras. Além de petiscos árabes, lá é servido o Diabo Verde, drink forte com gosto de menta que leva rum, conhaque, vodca e aguardente, dizem. Como eles não revelam a receita exata, a bebida virou uma espécie de crendice entre seus frequentadores, uma brincadeira de adivinhação para os beberrões.
Endereços do Beirute:
Cln 107 Bl D loja 19- Asa Norte | Cls 109 Bl A loja2 –Asa Sul

Festas gratuitas
Sobre diversão, Brasília é um dos lugares mais democráticos que conheço. Durante o ano inteiro existem exposições, shows e festas gratuitas nos imensos espaços abertos que os modernistas projetaram. Engana-se quem pensa que a qualidade dos eventos é fraca por eles serem totalmente abertos. Na minha opinião, as melhores festas são estas, que além de mostrarem o cenário alternativo da cidade, são geralmente seguras e bem organizadas. Opção frequente para essas festinhas é a praça do Museu Nacional de Brasília, um dos últimos projetos de Niemeyer na cidade. A construção futurista parece emoldurar perfeitamente os palcos dos artistas e projeções de vídeo.
Procure saber sobre alguma festinha ou mostra de cinema gratuito quando você passar por lá. Agenda de eventos gratuitos no Brasília de Graça.

Nota do blog: Está planejando visitar a bela Capital do Cerrado e não sabe onde ficar? Aproveite as nossas dicas e encontre as melhores opções de hotéis em Brasília.

AACHEN – ALEMANHA
Apesar de não ser um destino muito popular na Alemanha, Aachen possui um passado importante e guarda ainda algumas preciosidades de uma época distante. A cidade foi uma das grandes capitais do Império Romano de Carlos Magno, que aqui construiu diversos palácios e uma catedral magnífica. A cidade de aproximadamente 250 mil habitantes tem características da arquitetura típica alemã, apesar da proximidade da Bélgica e da Holanda. Quando cheguei, fui surpreendida por uma cidade de tamanho ideal, altamente organizada e linda! Cada nova rua que descubro guarda uma surpresa agradável. Com essas cinco dicas, espero encontrar mais turistas brasileiros por aqui!

Construções históricas
A cidade possui um centro histórico bastante complexo, mantido em ótimas condições com o passar dos séculos. Aqui, temos uma aula de como funcionavam as cidades medievais, com seus portões de acesso à cidade (Stadttor), catedral (Dom), prefeitura (Rathaus) e praça do mercado (Marktplatz). A catedral é especialmente linda. Patrimônio histórico da UNESCO, ela abriga relíquias católicas e recebe peregrinos durante todo o ano. Lá também está a urna com o corpo que julgam ser de Carlos Magno, além de seu antigo trono. A catedral conta com visitas guiadas em alemão a cada hora; e no idioma inglês uma vez por dia, sempre às 14 horas. O passeio com guia custa 4 euros por pessoa, mas a catedral pode ser acessada gratuitamente a qualquer hora. (Post sobre a Catedral de Aachen).

Lindt
Já conhecia os chocolates suíços Lindt mesmo antes de mudar pra Europa, acontece que no Brasil eles são caríssimos! Com os preços mais em conta deste lado do oceano, me acostumei a comprar vez ou outra. Para minha surpresa, ao me mudar para Aachen, descobri que aqui tem uma fábrica da Lindt! Evitei ir enquanto pude pois sabia que seria uma perdição, e é. Em uma loja imensa que mais parece um supermercado com todos os produtos imagináveis da marca, você enche um carrinho (!) com chocolates Lindt à preço de fábrica. Levo sempre minhas visitas lá quando eles estão atrás de presentinhos para os amigos.

Termas
A cidade era uma das preferidas de Carlos Magno por causa de suas fontes termais. Os romanos adoravam os banhos quentes e acreditavam que a ingestão da água sulfurosa era saudável. Aparentemente não é, pois agora todas as fontes da cidade têm uma placa de “água não potável”. Hoje, a terma mais famosa é a Carolus Thermen. Apesar do preço um pouco salgado, a estrutura do local é bastante confortável. Atenção! Duas regras que devem ser obedecidas: fotos são proibidas e não é aconselhável passar períodos maiores que 2 horas nas piscinas quentes. Eu desobedeci esta última regra e tive uma queda de pressão brusca, quase desmaiei! É preciso fazer algumas pausas no banho quente: andar um pouco, tomar uma ducha fria e então voltar. Já a fonte Elisenbrunnen é um dos símbolos da cidade, construída em 1827. Lá, existem duas bicas de água sulfurosa e uma praça agradável atrás. Também na Elisenbrunnen você encontra o centro de turistas, com guias e mapas da cidade.

Doce típico
Os doces típicos da cidade se chamam Printen, uma espécie de pão de mel com confeitos e recheios de frutas e sementes. Com o nome patenteado, eles podem ser encontrados somente aqui. Mas no restante da Alemanha existe uma variação do doce, o Lebkuchen, bastante popular na Oktoberfest. Existem diversas lojas de Printen em Aachen e as suas vitrines são sempre lindas. Na minha opinião, a melhor loja é a Nobis Printen, com filiais espalhadas pelo centro. Os caras são mestres na arte de confeitar. As vitrines estão sempre mudando e cada época do ano sugere um tema para os confeitos, Páscoa, Carnaval e Natal, por exemplo. Eu moro pertinho de uma filial bem grande, então sempre fotografo a vitrine com o tema da vez.

Pontstrasse
Essa é a rua onde tudo acontece. Muito próxima da universidade, a rua abriga uma série de bares, restaurantes, sorveterias e pubs que atraem o público jovem. Por causa do movimento constante, a rua fica cheia de mesinhas nas noites de verão. Os eventos também acontecem no inverno e, ainda que em ambientes fechados, os porões dos bares sempre cheios mostram que o público tem disposição para se divertir e encarar o frio. Se você procura algum lugar aberto às 3 da manhã pra matar a fome, não hesite em procurar um Bratwurst em um dos quiosques da Pontstrasse.

Giselle Pinho Gurgel
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