A história poderia começar com a jornada de quase cinco horas de transporte coletivo para chegar até a um lugar paradisíaco.
Porém, tentar explicar como foi atravessar o Rio de Janeiro, da Zona Oeste até à Praça XV – lá perto da Candelária – para pegar a barca que vai para Niterói – fora mais (+!) uma hora e pouco de coletivo até o destino – pode tirar o encanto de toda a descrição desta praia.
Como bom “low-coster style“, as opções de transporte para chegar ao local eram as mais baratas. Como exigia um tempo disponível, me programei para sair no fim de tarde, já que estava marcado para chegar ao cama & café Itaquá House, do Rodrigo e da Laura, bem à noite mesmo.
Cheguei quase na hora de dormir. O que deu para sentir e ouvir na chegada à Itacoatiara foram aquela brisa quente no rosto e o som das ondas do mar. O céu da noite já indicava que o dia seguinte poderia ser daqueles de “rachar coco”. E foi!
Linda manhã, calor de 30 graus e uma praia com o seu cenário montado: areia limpa, pessoas tomando sol, outras jogando uma altinha e muitos (muitos!) surfistas e bodyboarders.
Itacoatiara é um bairro pequeno de Niterói e fica a uma hora e meia de ônibus do principal centro comercial da cidade. Possui menos de mil metros de extensão de areia. No canto esquerdo, a Pedra do Costão e a exuberância da Serra da Tiririca. No mar, inúmeros surfistas em busca de ondas de dois metros tubulares (neste dia).
E no canto direito, uma prainha daquelas bem pequenas, boa para ficar com as crianças brincando perto da água. Claro, é recomendado não entrar mais para o fundo, pois em dias de ondas fortes, há um sério risco de qualquer um ser levado para as pedras próximas e sofrer um grave acidente.

À esquerda, a Pedra do Costão e à direita, encontra-se a Prainha. Neste dia, os surfistas e bodyboarders se deram bem com as ondas tubulares
Também no canto direito, uma pedra fácil de subir, ponto alto dela que nos permite ter uma visão mais ampla de toda a praia. Todo este cenário faz render uma paz interior, lindas fotos e belas memórias. Você nem percebe o tempo passar, mesmo com o sol judiando.
Eu só tinha aquele dia inteiro para conhecer o lugar. A estadia seria curta, pois estava em meio a um trabalho nos Jogos Olímpicos e, numa brecha achada na semana, não queria perder a oportunidade de visitar este lugar, que estava na minha listinha de lugares para se conhecer antes de morrer.
Queria, ainda, fazer um percurso a pé até os principais pontos de “sobrevivência” do bairro, como caixas eletrônicos, farmácia e supermercado, por exemplo, exatamente para passar a vocês noção do tempo que levaria para sacar dinheiro, comprar um remédio numa emergência ou comida na hora da fome.
Depois de curtir mais um pouco da praia e do sol de “rachar”, passei na Itaquá House, tomei um banho rápido e fui em direção ao centro comercial mais próximo.
Andei uns mil metros, de 20 a 25 minutos num passo bem leve, sem pressa. Encontrei os três lugares de “sobrevivência” citados acima, porém não precisei entrar na farmácia, ufa! Para quem tem um carro à disposição, em cinco minutos você chega a estes locais.
Estava também em busca de um restaurante, self-service, à la carte, marmitex, qualquer comida pronta… Só avistei uma pizzaria, que estava fechada, claro, por causa do horário. Eram umas 16h30 àquela hora.
Mais perto da casa mesmo, as únicas opções são de comida: um restaurante japonês, que só funciona à noite, e uma lanchonete, esta, point obrigatório para os jovens que curtem o dia na praia. Estes dois locais são os pontos comerciais mais próximos da praia.

Esquina da rua que leva ao cama e café. Nela, o restaurante japonês e, colado, à esquerda, a lanchonete
Da caminhada até o centro, já voltava à casa para pegar as dicas da Laura para aproveitar o fim de tarde. As sugestões foram visitar a praia vizinha de Itaipu ou de fazer a subida da famosa Pedra do Costão.
Escolhi a Pedra do Costão, pois queria finalizar o “roteiro de 1 dia em Itacoatiara”. rs
Dicas
- Tenha um pouco de dinheiro em mãos. Nem todos os lugares aceitam cartão de crédito ou débito;
- Chegar a Itacoatiara de ônibus circular, é fácil. Existe apenas um ponto de ônibus;
- Para quem vai de carro, respeite a sinalização, principalmente os limites de velocidade. Há radares que detectam infrações;
- Não há hotéis muito próximos à praia de Itacoatiara. Moradores prezam pela harmonia e preservação local;
- O número das casas é bem bagunçado. Para facilitar, em cada esquina há uma placa com um “mapa”, que explica a numeração de cada residência. Curioso!
A Pedra do Costão
Assim que pisei na areia pela primeira vez, logo à esquerda me deparei com a pedra, gigantesca. Naquela hora mesmo, logo me imaginei lá no topo dela, sem pensar que poderia ter esta chance (ainda!). Cheguei em Itacoatiara com pouca informação e eu iria explorá-la ali, na hora. A Laura e o Rodrigo me ajudaram bastante, pois já conhecem tudo. A Laura, num momento relax da tarde, com a filha no colo para um passeio, me acompanhou até à entrada do parque que dá acesso ao tortuoso caminho que leva ao topo da pedra. Andamos menos de 10 minutos da casa até à entrada do parque.
Sim, trajeto tortuoso! Primeiro, porque que a subida é íngreme. Segundo, porque não há uma escada, de fato, o que complica a subida para quem tem alguma dificuldade de locomoção.
Isto é só a trilha. Tinha ainda a pedra, que possui, pelo menos, três pontos de grande complexidade para subir. Se não estiver usando um calçado adequado, a dificuldade pode ser maior e a chance de se machucar aumenta. Um tênis bem amarrado te dá maior segurança. Os outros pontos são de subidas moderadas e leves. Tenha paciência, assim você não se cansa muito e guarda energia para a descida, que também exige atenção e muito cuidado.
Cheguei! E a sensação de estar no topo da Pedra do Costão? Incrível! Consegui enxergar todos os pontos da vila por onde andei, o mar e seu horizonte, as outras praias de Niterói, o Rio de Janeiro e, principalmente, por ser final de tarde, o sol. Que sensação… Daquelas que te faz pensar no privilégio de estar ali junto a poucas pessoas, tranquilo e em paz. O tempo estava perfeito. O sol de pôs… Caraca, que cena!
Hora de descer, a falta da luz natural complicaria ainda mais a descida, então não perdi muito tempo.
Valeu muito a pena. Agora, a Pedra do Costão foi riscada da listinha. Um dia volto à Niterói para conhecer Itaipu.
Dicas
- Use calçado adequado. Um tênis bem amarrado resolve. Evite chinelos, os pés suam e sujam e as chances de se escorregar e machucar são enormes;
- Fique atento às condições do tempo. Um dia úmido pode deixar a pedra escorregadia e qualquer vacilo pode causar um acidente;
- Não carregue muito peso. Água, máquina fotográfica, repelente de insetos e, claro, o protetor solar são suficientes (e essenciais!);
- Se for gerar lixo, não esqueça de recolhê-lo;
- Não tive a oportunidade de presenciar o sol nascendo, nem sei se dá. Porém, o pôr-do-sol lá de cima é simplesmente fantástico.
A friendly house de Itaquá
Imagine chegar em uma casa onde você não conhece ninguém, mas que em poucos minutos você já está jogando um bilhar ou tomando uma cerveja ou suco com argentinos, brasileiros, uma australiana e até um cara da Guiana Francesa que lá estão hospedados? Este é o “espírito” da Itaquá House, do Rodrigo e da Laura.
A vasta experiência em hospedagens em diversos lugares do mundo credenciaram os dois a criarem um local onde pessoas pudessem se hospedar numa casa que fosse espaçosa e tivesse um ambiente familiar, tudo compartilhado por hóspedes que estão lá como se fossem da mesma família num final de semana na praia.
A nada comercial “casa de amigos”, como eles intitulam a Itaquá House, está enquadrada como “Cama e Café”, que é uma adaptação brasileira do Bed and Breakfast irlandês, onde um morador local recebe pessoas como hóspedes, oferece um quarto – que pode ser uma suíte – e um café da manhã bem fresquinho.
O diferencial fica por conta da proximidade do hóspede com o anfitrião da casa, que permite receber todas as informações turísticas e essenciais sobre o local. No caso da Itaquá House, os anfitriões representaram muito bem. Valeu demais atravessar o Rio de Janeiro, a Baía de Guanabara e Niterói para conhecer a casa e a praia de Itacoatiara.
A casa estava limpa, organizada e o clima praiano tornava o ambiente bem tranquilo. Fiquei instalado numa suíte de frente para a rua. Cama confortável, ar-condicionado silencioso, banheiro limpinho e chuveiro com água na temperatura que desejasse.
À noite, apenas o som de alguns bichos quebrava o silêncio. Para quem gosta de dormir “no breu”, as cortinas são escuras. É bom utilizar um despertador para não perder o início do dia, pois o quarto fica bem escuro mesmo com a luz do sol rs.

Suíte onde fiquei instalado. Não tive a oportunidade de conhecer os outros quartos, pois estavam ocupados
O café da manhã: pão francês, frios, bolo, biscoitos, cereais, geleias, chás, café, leite e suco. Na medida! 😉
O wifi, sem senha, pegava muito bem em qualquer parte da casa. Não meu caso, nem tive muito tempo para fuçar na Internet. Queria mesmo era aproveitar Itacoatiara e a Itaquá House.
Para aliviar o calor, a piscina da casa também se torna super convidativa. Tomar um suco ou uma cervejinha à beira da piscina depois de curtir um dia na praia é irresistível para mim.
Enfim, foi uma ótima experiência conhecer a praia e o esquema “Cama e Café” do casal. Dormi bem, me senti à vontade e quando ficam apenas boas lembranças na memória, a chance de eu retornar é bem maior.
Muito obrigado por tudo, Rodrigo e Laura!
Dicas
- Os anfitriões sabem praticamente tudo sobre o local. Extraia o máximo de informações e aproveite;
- Leve itens de higiene pessoal, como sabonete, xampú e pasta de dente. Para receber uma toalha, há um adicional de R$ 5;
- Por ser uma casa com ambientes compartilhados por todos, procure manter a limpeza e organização, principalmente na cozinha;
- Fique à vontade para organizar um churrasco;
- Brinque com o Mané, o cãozinho da casa.
Visite a Itaquá House no Facebook. Constantemente, Rodrigo e Laura postam um vídeo de como estão as ondas e o clima em Itacoatiara.
Fotos: Rodando Pelo Mundo